Eu queria

Eu queria tanto um abraço apertado, um sorriso sincero, um olhar demorado.
Eu queria tanto uma conversa animada, um riso dobrado, um coração disparado.
Eu queria tanto poder saber para quem ligar numa tarde entediante de domingo.
Ter alguém com quem contar quando o meu mundo desabar, quando eu me machucar, quando eu perder um amigo, quando eu me perder, quando eu estiver zangada e quiser gritar com deus e o mundo, quando eu não quiser falar com mais ninguém, quando eu me calar, quando eu me esconder atras de um livro, quando eu estiver triste, quando eu estiver sozinha...
Eu queria tanto alguém.
Mas a verdade é que não restou ninguém. E eu não tenho ninguém para quem ligar.
Já está um pouco tarde. Poucos minutos de um novo dia.
Muitos 'alguéns' estão agora começando esse novo dia em festas, bares, outros deitados em suas camas se recuperam do dia que passou. Sonham. Sonhos bonitos de um futuro que pretendem alcançar. Enquanto eu, trancada entre as paredes do meu quarto, penso sobre esses tantos 'alguéns' por aí, será que alguém, entre tantos 'alguéns' pensa em mim?
Talvez sim, talvez não. É dificil dizer.
O que posso afirmar com certeza é que sinto o vazio apertando meu peito, porque eu...eu não penso em ninguém.
Penso em todos e em cada um, e ao menos tempo não penso em ninguém.
Porque, na verdade, eu não tenho um abraço apertado, um sorriso sincero ou um olhar demorado.
Eu não tenho uma conversa animada, um riso dobrado ou um coração disparado. Eu não tenho.
Porque eu não tenho ninguém. Não ainda. Não agora.